O
Homem é um ser social através dos sistemas de comunicação que desenvolveu. O
Homem não se limita a informar e a ser informado sobre as coisas do mundo, utiliza
um código comum para interagir com os seus semelhantes, agrega novas formas de
organização do próprio pensamento, adquire novos pensamentos e amplia a sua
consciência sobre si próprio, o seu lugar no mundo, e a sua responsabilidade
social.
A comunicação está presente em todas
as áreas da nossa vida, vejamos o exemplo de um empresário, que pode passar
grande parte do seu tempo a utilizar várias formas de comunicação, nas
reuniões, em jantares de trabalho, no negócio de contratos, concedendo
entrevistas, sem esquecendo a sua vida pessoal.
A comunicação engloba vários campos
do conhecimento: linguística, fonética, teoria da comunicação, semântica,
psicologia, sociologia, matemática e métodos quantitativos, ao fazer parte de
todos estes campos do conhecimento, torna-se difícil uma definição e uma
representação do que é comunicar.
De uma forma racional e mecânica a
comunicação poderia ser representada facilmente num esquema semelhante a este:
Em
que a pessoa A diz alguma coisa à pessoa B, e esta ouve e responde. Mas o
processo de comunicação, na realidade, não é tão simples como o do esquema,
comunicar não se limita à troca de palavras entre duas pessoas, é pois um
processo complexo, que envolve várias barreiras entre o emissor e o recetor,
desde dificuldades físicas como problemas de audição, a dificuldades de
interpretação e não domínio do código linguístico.
Para falarmos de comunicação, há que
entender alguns conceitos básicos:
ü Emissor:
sujeito que dirige a mensagem; fonte.
ü Recetor:
objeto a quem a mensagem é dirigida;
ü Canal: meio pelo qual a
mensagem é enviada: quem decide sobre o canal é o emissor (fonte);
ü Mensagem:
unidade básica da comunicação, é o produto real da codificação da fonte
(emissor). Como a mensagem é afetada pelo código usado para transmitir o
significado, o processo de comunicação não se resume a entender as palavras, à
que captar a mensagem ou encontrar o significado;
ü Informação:
conteúdo da mensagem. Tem estrutura, expressão, significação e utilidade
imprescindíveis ao seu valor de uso por pessoas e grupos. A informação difere
do conceito dado por encerrar uma organização e um processamento que a tornam
imediatamente consumível, ao contrário do dado, que é potencialmente
disponível. Subjacente a toda a comunicação está o processamento dos dados,
transformando-os em informação;
ü Código:
transformação convencionada, e reversível, de elemento a elemento, que permite
converter mensagens formadas por um conjunto de signos. A diferença entre
linguagem e código, é o facto de que a linguagem é desenvolvida durante um
longo período de tempo, ao passo que o código é inventado para um fim
específico e obedece a regras explícitas.
ü Sinal: signo
antecipadamente convencionado que transmite informação;
ü Ruído: distorção
na transmissão da mensagem. Qualquer
coisa presente no sinal recebido que não faz parte intencional da mensagem
original. Os ruídos podem originar-se na emissão, estar no canal ou
manifestar-se no âmbito do recetor. Podem ocorrer em virtude de inabilidade do
emissor, do estado emocional do recetor, da presença de fatores externos de
distração ou de ação de uma terceira pessoa não diretamente envolvida com a
mensagem;
ü Feedback:
retorno da reação do recetor à mensagem enviada pelo emissor. A reação do
recetor desempenha um papel muito importante no processo de comunicação e há
por parte do emissor forte preocupação em receber esse retorno.
A comunicação processa-se de forma oral verbal, quando falamos, oral não verbal, ao emitirmos sons e
vocalizações, não oral verbal com a
escrita e a língua gestual, e não oral
não verbal, como por exemplo quando fazemos gestos naturais, expressões
corporais e faciais. Uma pessoa ao comunicar com outra, revela-nos muito mais
do que o simples contudo da mensagem, mostrando-nos pistas sobre como se sente,
se está segura ou insegura, se está recetiva ou fechada, para além disso, o
feedback que a outra pessoa nos transmite, influencia todo o processo de
comunicação.
Essencialmente social, a comunicação
abrange a transferência e a compreensão de significados, com a noção do que se
quer transmitir através de palavras, gestos e sinais. Não pode existir
interação sem comunicação.
A comunicação assinala o
desenvolvimento do Homem, das suas unidades sociais, o aperfeiçoamento da
linguagem favoreceu uma maior organização do pensamento, que conferiu ao Homem
maior probabilidade de sobrevivência. Os processos de comunicação alteraram os
padrões do mundo.
O Homem é um ser social porque
comunica, sem comunicação, o mundo certamente não teria evoluído, não haveriam
relações humanas, nem existiriam organizações.
Bibliografia:
http://www.fct.unl.pt/estudante/gapa/os-processos-de-percepcao-e-comunicacao-interpessoal,
acedido a 3 de Abril de 2012
CASADO,
T. (s/d). O papel da comunicação interpessoal, acedido em
http://www.google.pt/books?hl=pt-PT&lr=&id=Q8s-5GGjL88C&oi=fnd&pg=PA271&dq=comunica%C3%A7%C3%A3o+interpessoal&ots=mIqZ_Lr6kk&sig=cfUgRLmGEOCbIhCTJIhA_5i3Zqc&redir_esc=y#v=onepage&q=comunica%C3%A7%C3%A3o%20interpessoal&f=false
a 3 de Abril de 2012
Relatório da visita de estudo à Comissão e Proteção de
Crianças e Jovens (CPCJ) de Santa Maria da Feira
“Se
você passar por uma guerra no trabalho, mas tiver paz quando chegar em casa,
será um ser humano feliz. Mas, se você tiver alegria fora de casa e viver uma
guerra na sua família, a infelicidade será sua amiga.”
Augusto Cury
No
dia 31 de Maio de 2012, a turma da Licenciatura em Educação Socioprofissional
da Escola Superior de Educação Jean Piaget, no âmbito da Unidade Curricular “Metodologias
e Técnicas de Educação Gerais e Especiais II” orientada pela docente Orquídea
Campos, visitou três instituições em Santa Maria da Feira.
A
professora dividiu a turma em três grupos de trabalho, com o intuito de cada um
ficar responsável pela animação de cada instituição. Contudo todos os
estudantes estiveram presentes em todas as instituições.
O
primeiro grupo era constituído pela Ana Moreira, Cátia Monteiro, Margarete Reis
e Mariana Santos, responsáveis pela Comissão e Proteção de Crianças e Jovens
(CPCJ), sendo este relatório elaborado por este mesmo grupo. O segundo grupo,
constituído pela Manuela, Olesya e Dulce, estavam encarregues pelo Centro
Social Santa Cruz – Irmãs Passionistas. O terceiro grupo cujos elementos eram a
Helena, Fátima, Maraci e Camila, ficou de animar a ETE.
A
visita teve inicio às 09h15 minutos na CPCJ de Stª Maria da Feira. A CPCJ é uma
instituição que existe na localidade há cerca de 19 anos e surgiu para proteger
os direitos das crianças, bem como prevenir e pôr fim a várias situações que
afetavam e afetam o bem – estra físico, psicológico e social das crianças e
jovens que se encontram em risco de exclusão familiar e da comunidade.
A
base de trabalho da Comissão é a Lei 147/99 de 1 de Setembro (Anexo 1).
O
grupo em questão elaborou antecipadamente algumas questões que foi colocando ao
longo da visita (anexo 2). Uma das questões foi sobre a forma como as denúncias
chegam à instituição e quem as pode fazer.
As
participações podem ser feitas por qualquer pessoa, inclusive o próprio menor,
e, podem chegar a Comissão através de carta, telefone, email ou pessoalmente,
podendo ser anónimas ou não. Para surpresa do grupo, foi dada uma informação de
que a maior parte das denúncias não eram anónimas, contrariando a ideia de que
o grupo tinha.
Após
uma denúncia, a CPCJ averigua o caso e se for viável, abre um processo. Processo
esse que passa por diversas fases:
1ª Fase: Fase da Análise Preliminar
Aqui
são chamados os responsáveis pela criança ou jovem, nomeadamente os familiares,
representantes legais ou alguém legitimado pelo tribunal, para dar
consentimento ou não. Se a aprovação não for feita, e, se o caso
for grave, a intervenção passa diretamente para o tribunal. Caso haja
consentimento a intervenção é feita se não existir nenhuma oposição por parte
do menor (caso tenha mais de 12 anos).
Inicia-se
assim a segunda fase:
2ª Fase: Avaliação do Diagnóstico
Nesta
fase a Comissão e Proteção de Crianças e Jovens, tem no máximo seis meses para
reunir todos os dados possíveis do caso (a nível de saúde, relações sociais,
escola, entre outros).
Esta
entidade rege-se pelo princípio da intervenção mínima, deixando o trabalho
empírico para a Segurança Social. Contudo tem um papel ativo, porque convoca as
pessoas ou instituições que julga serem fundamentais para aquisição de
informação relativamente à criança ou jovem.
Posteriormente
passa-se à terceira fase:
3ª Fase: Aplicação das medidas
Em
todos os casos existe um coordenador. Este propõe algumas medidas interventivas
para a criança ou jovem, bem como para os seus tutores (país, familiares,
pessoa idónea – vizinho ou amigo, ou qualquer outro responsável). De seguida,
este processo é analisado numa reunião com os técnicos intervenientes, onde se
decide se a aplicação, execução e acompanhamento da pessoa em questão é
aprovada ou não. Caso haja aprovação dá-se inicio à quarta fase do processo.
4ª Fase: Fase da deliberação e
contratualização
Nesta
fase os tutores encarregues pela criança ou jovem, são chamados pela CPCJ onde
lhes é proposto a medida anteriormente analisada. Caso haja concordância
elabora-se um acordo, que será acompanhado numa fase seguinte.
5ª Fase: Fase de acompanhamento
Aqui
é proposto um acompanhamento durante seis meses, que se poderá prolongar por
mais meio ano. Em casos de extrema gravidade esse acompanhamento poderá chegar
aos 18 meses. Se durante tempo estabelecido as medidas não tiverem sido
cumpridas, o processo passa para o tribunal e a CPCJ deixa de intervir.
Existe
uma pirâmide de intervenção, que foi apresentada pelas técnicas que orientaram
a visita de estudo, nomeadamente a Dr.ª Ana Castanhola (presidente da CPCJ) e
pela Dr.ª Micaela (técnica de apoio da Segurança Social).
A
pirâmide é a seguinte:
A
participação pode ser feita diretamente na Comissão de Proteção Crianças e
Jovens (CPCJ) ou na judiciária. Para serem acompanhados pela CPCJ, as pessoas
têm de ter menos de 18 anos ou pessoas com menos de 21 anos que solicite
intervenção antes de atingir os 21 anos.
A
CPCJ não tem qualquer apoio financeiro do estado. A equipa técnica que
constitui a CPCJ é a seguinte:
Elementos
|
Órgão representado
|
Presidente
|
Município
|
Assistente
Social
|
Segurança
Social
|
Professora
|
Ministério
Educação
|
Enfermeira
|
Ministério
Saúde
|
Psicóloga
|
IPSS
(institucional)
|
Assistente
Social
|
IPSS
(não institucional)
|
Imobiliário
|
Associação
de Pais
|
Professor
|
Associação
de Jovens
|
Tenente
|
GNR
|
Chefe
|
PSP
|
Professora
|
Cidadão
eleitor
|
Professor
(Aposentado)
|
Cidadão
eleitor
|
Técnico
de Contas
|
Cidadão
eleitor
|
Comercial
|
Cidadão
eleitor
|
Psicóloga
|
IPSS -
Cooptada
|
Educadora
(Aposentada)
|
Cooptada
|
Assistente Social
|
Apoio técnico do ISS
|
Professor
|
Professor Tutor
|
Administrativa
|
Apoio Administrativo
|
Fonte: http://cpcjsantamariafeira.webnode.pt/
Terminada
a apresentação da Comissão, a turma dirigiu-se à segunda instituição: o Centro
Social Santa Cruz – Irmãs Passionistas. Esta visita teve início às 11:15h e
durou cerca de duas horas. A animação desta instituição esteve a cargo do
segundo grupo, que preparou diversas questões sobre esta mesma entidade.
O Centro
Social Santa Cruz é considerado um CAT (Centro de Acolhimento Temporário) e tem
capacidade para abraçar 15 crianças que se encontram em situação de risco, de
ambos os sexos, dos 0 aos 12 anos.
A
última visita teve início às 14h00 acarretando uma duração de duas horas. A instituição
escolhida para este horário foi a Equipa de Tratamento Especializado (ETE),
dinamizada pelo terceiro grupo. Esta entidade é um centro de ajuda a
toxicodependentes, incluindo os alcoólicos. Aqui eles são orientados por
especialistas com o intuito de os inserir em programas de
tratamento/desintoxicação.
Todas
estas visitas foram extremamente importantes, ouvir todos os testemunhos e experiências,
poder estar presente fisicamente e emocionalmente em todos os lugares referidos
anteriormente foi sem dúvida muito marcante.
Na
nossa área devemos estar sensibilizados para todas as problemáticas que vamos
encontrar quer ao longo da nossa vida pessoal quer no nosso percurso
profissional. É fundamental ter esta “faculdade de sentir” de receber e
perceber impressões do próprio corpo e do mundo que lhe é exterior para poder adotar
sempre as atitudes mais sensatas.
Todo
o grupo ficou muito emocionado com estas visitas, percebemos que a teoria é uma
mais-valia mas a prática corresponde às ações, e as ações são o passo principal
para a mudança social. Na prática, as situações não são tao fáceis e os desafios
são maiores, os testemunhos são mais duros, tornando o trabalho empírico muito
mais complicado.
É
nesta perspetiva que concordamos que deveríamos ter experiências deste tipo com
mais frequência, porque são estas experiencias que nos fazem pensar e que nos
alertam para o nosso futuro, são estas experiências que nos sensibilizam e nos
fazem crescer como futuros educadores socioprofissionais.
Questionário da visita
1 Quando
é que a CPCJ surgiu, aqui em Stª Mª da Feira?
Quando é que vocês consideram que uma criança ou um jovem
está em perigo?
Se tivermos
conhecimento de que uma criança/ jovem está nessas circunstâncias, podemos
comunicar essa situação aqui (na CPCJ) ou devemos recorrer a outra entidade?
E um
menor, por exemplo que sofra de abusos/violência, pode ser ele próprio a pedir
ajuda à CPCJ?
5 E de
que maneira é que podem recorrer à CPCJ?
Qual
é a idade mínima e máxima para o acolhimento destas crianças/jovens?
Quando
alguém denuncia um determinado caso, essas pessoas preferem o anonimato, ou
muitas vezes dão o nome/cara?
Quais
as dificuldades sentidas ao trabalhar com estas crianças/jovens?
Que
tipos de atividades realizam com estas crianças/jovens?
Quais
os apoios que recebem?
Trabalho realizado por:
Ana
Moreira, nº46388
Cátia
Monteiro, nº45539
Margarete
Reis, nº 46504
Mariana
Santos, nº46608
Vila Nova de Gaia, 8 de Junho de 2012
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